A entrevista do jovem poeta reriutabense foi concedida ao portal de notícias de São Gonçalo-RJ, Jornal Daki, através do escritor Erick Bernardes.
Ezequiel Alcantara(foto:divulgação) |
Ezequiel Alcântara Soares é de Reriutaba, Ceará, mais
precisamente da comunidade de Riacho das Flores. Foi influenciado pelo avô e
por alguns cordelistas cearenses. Recentemente despontou no meio cultural
gonçalense recitando versos de poetas variados e também compondo os seus
próprios poemas em sextilhas nos eventos do Diário da Poesia. Algumas conversas
com o Ezequiel me foram suficientes para entender o futuro artista que se
projeta nesse jovem aspirante à Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
Ezequiel, Moraes Moreira e Erick Bernardes |
Ezequiel, conte como você começou a se interessar pelo
cordel e qual a relação da poesia com a sua vida?
Bem, lembro que, na escola, eu participava de várias
apresentações de teatro, muitas delas tratavam do nordeste e de poesia. Eu
recitava poemas e cordéis que garantiam ótimos aplausos. Com o tempo foram
surgindo oportunidades em projetos da escola, daí pude desenvolver habilidades
e aprender a escrever poesia, preferencialmente a literatura de cordel. Assim,
embora eu tenha tomado muita pancada na vida, conheci pessoas que me deram
apoio, incentivando que eu publicasse meu primeiro livreto de cordel, foi tanta
satisfação, um reconhecimento pelo meu trabalho — algo que nunca imaginei. Um
pouco adiante, a vida me deu mais uma de tantas rasteiras que tomei, tive que
abandonar meu torrão da noite para o dia (devido a problemas familiares). E saí
penando, passando até 3 dias viajando de ônibus rumo ao Rio de Janeiro, um
mundo totalmente diferente do que vivi. É muita coisa que aconteceu, tanto lá
quanto cá, que dariam um longo dia de conversa.
Você conseguiria resumir um pouco da sua carreira escolar e
acadêmica?
Como você ingressou na carreira de artista, em especial, cordelista?
Eu cheguei ao cordel por influência do meu avô Otávio
Ferreira Soares, meu velho era só leitor, nunca escreveu cordel. Ele recitava
cordéis antigos (chamados pelos mais antigos de “Romance” ou “Romanceiro”), eu
ficava admirado com aquelas histórias. Com o tempo, apareceu na minha escola,
lá no Riacho das Flores, Centro de Educação Rural - CERU(Reriutaba), o projeto Mais
Educação, que tinha aula sobre literatura de cordel, com a querida professora
Cristiane. Depois do meu forte interesse por essa poesia, conheci o poeta e
cordelista João Rodrigues Ferreira (esposo da professora Cristiane), naquela
comunidade. Ele me propôs aprender a escrever cordel e metrificar as
complicadas sílabas poéticas, passou uma tarde me ensinando. Graças a ele e
esposa pude desenvolver talentos, começar saraus culturais, chegando até a
publicação do meu cordel. São meus queridos mestres os dois que referi, dos
quais guardo sempre história de carinho, mesmo separados pela distância.
São Gonçalo é lar acolhedor de muitos nordestinos que para
cá vieram em diásporas, em busca de melhoria de vida e conseguir sustento.
Alguns tios meus (por parte de mãe) moram aqui há bastante tempo, e vieram
trabalhar jovens, com seus 17/18 anos. Importante dizer que, quando vim morar
aqui, foram esses mesmos tios que me deram auxílio.
Com relação aos escritores, o primeiro contato que tive foi
em 2017 com o poeta Rodrigo Santos (do projeto FLUP e um dos idealizadores da
(Uma) Noite na Taverna num projeto no colégio Adino Xavier, quando representei
a querida escola Ciep 306 - Deputado David Quinderê (na qual entrei quando aqui
cheguei em 2014 até me formar 2018). E, assim, conheci diversos estilos livres
no fazer poesia. Depois, em 2018, arrisquei escrever poesia livre e concorri a
um concurso de poesia pela internet. Lembro que fui classificado e meu texto
publicado na antologia Agora Verão 2019, pela Editora Trevo. Usando também a
internet descobri um evento de poesia e fiquei curioso pra participar, foi ai
que conheci o Diário da Poesia, onde tive a oportunidade de declamar poemas
meus e de conhecer pessoas excelentes.
Conheci, de forma tão simples e inesperada, o grande Zé
Salvador, que se tornou um padrinho e um amigo pra mim. Incentivando a
frequentar lugares onde podia me divulgar, além de me apresentar a grandes
poetas e de me levar na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) que
há muito ambicionava conhecer. Também conheci Renato Cardoso, pessoa que sempre
dá oportunidade aos artistas, até pude publicar a poesia “Minha Amada” no
portal do Diário da Poesia, e pude também ser entrevistado na Rádio Aliança.
Além de conhecer uma figura interessante e amiga, um tal escritor Erick
Bernardes e se encontra me entrevistando agora e é com ele mesmo finalizo
(risos).
Fonte: Jornal Daki, RJ
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