Há 20 anos na Cidade Maravilhosa, Mauro Rodrigues começou lavando panelas. Hoje, é reconhecido como especialista na culinária japonesa.
No sertão de Reriutaba, a 309 quilômetros de Fortaleza, o sol batia tão forte que até na sombra fazia calor. Se na própria cidade a situação já era difícil, imagine então na região rural do interior cearense. E foi numa terra de poucas oportunidades e uma espera interminável pela chuva que nasceu Mauro Rodrigues, que há 20 anos não podia imaginar onde chegaria.
“Venho de uma família pobre, do interior do interior do Ceará, e que na minha época era assim: ao completar 18 anos, vá para o Rio em busca de oportunidades”. Foi e deu certo. Considerado como um dos maiores especialistas na culinária japonesa do Rio de Janeiro, o reriutabense conquistou a Cidade Maravilhosa com suas obras de arte em forma de sushi.
Desde o primeiro emprego, ele já começou a trabalhar em um restaurante japonês. Começou como lavador de panelas, mas sempre era curioso quanto ao sushi. E menos de um mês depois – ou exatos 28 dias – teve uma oportunidade de aprender o básico do Sushibar. “Para mim era algo completamente novo mexer com peixe cru, algo que eu nunca tinha visto daquele jeito. Virei aprendiz de sushiman e a cada dia me dedicava mais à arte de aprender, que foi essencial para me constituir como profissional hoje”, exalta o cearense.
Era 1995, e Mauro nunca tinha provado um sushi na vida. Achava aquele “negócio” estranho e dizia que o atum parecia um pedaço de carne crua. “Eu trabalhava lá atrás da cozinha, e os meus colegas de trabalho falavam repetidas vezes ‘come, prova que é bom’. Eu olhava pra aquilo ali, e pra mim era carne crua. Diante da negativa, os amigos insistiam: ‘come, é gostoso, mistura com molho shoyo’. Provei, e as primeiras vezes que comi foram ruins. Não era exatamente o gosto que eu esperava, não foi algo maravilhoso que eu imaginava como falavam. Mas com o tempo, claro que me acostumei. Hoje eu sou viciado e não passo um dia sem comer sushi”, relembra Mauro.
Pupilo dos premiados Chefs Eduardo Nakahara, que é japonês, e Carlos Ohata, paulista radicado no Rio, o cearense chegou a ser subcehf do segundo no Boodah Sushi Lounge. “Ele já tinha visto o meu trabalho e naquele momento eu percebi que tinha conquistado algo muito importante, que é repeito e reconhecimento do meio. Comecei como subchef, e depois que ele viajou para prestar uma consultoria em Miami, eu assumi a casa. E assim comecei a me destacar no Rio de Janeiro”, relata.
Depois de passar por restaurantes como Miako, Honjin, Mitsuba e Boodah, Mauro Rodrigues foi eleito pela Veja Rio (em matéria de Fábio Codeço) como um dos principais especialistas da culinária japonesa no Rio. E mais, o restaurante que serve suas delícias e invenções, o Buda Sushi, tem também o Certificado de Excelência doTrip Advisor, onde se destaca o “Combinado do Chef”. “Nunca estudei formalmente sobre como fazer sushi, aprendi na mão mesmo e meu trabalho é tudo fruto da minha dedicação. Tenho muito orgulho da época das panelas, mas tenho mais ainda dos cortes que crio hoje”, ressalta o cearense.
O sushiman sempre incluiu o “Combinado do Chef” nos cardápios em que passou e assim faz sucesso no Rio de Janeiro com suas criações. “Mas o legal é que esse prato sempre é uma surpresa para mim e para o cliente, pois eu crio na hora os formatos dos sashimis. E é o carro chefe da casa”, se orgulha. Perguntado qal o seu prato mais bonito, o cearense desconversa. “Eu não consigo escolher um preferido. É como se cada um fosse um filho para mim, eu crio com muito carinho e não tenho classificar cada um deles”, justifica sorrindo.
Mauro crê que é um dos objetivos de todo cearense que vence fora, é voltar e aplicar aquilo que se aprendeu e conquistou em seu estado natal. “Tenho o sonho de retornar e abrir um restaurante japonês em Fortaleza e levar esse tipo de trabalho diferente para a cidade. Igual ao que eu faço aqui, não tem, então seria uma novidade para a Capital cearense. Quem sabe um dia, né?”, finaliza.
Buda Sushi
Av. Nossa Sra. de Copacabana, 1.417 | Loja G |
Rio de Janeiro | RJ | T: (21) 2513-2662
Fonte: Tribuna do Ceará
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