Com os fortes volumes, o nível dos reservatórios dobrou se
comparado ao ano passado. Apesar disso, a irregularidade nas precipitações
dificultou o aporte hídrico nos principais açudes.
Março foi marcado por intensas chuvas no Ceará. O volume
acumulado neste mês foi o melhor dos últimos 11 anos e o terceiro melhor do
século XXI, ficando atrás apenas das chuvas de março de 2008 e 2003, quando a
Funceme registrou o observado de 332,5 milímetros e 267,2 mm, respectivamente.
A grande questão, ainda, é a irregularidade destes eventos pluviométricos.
Enquanto no Litoral Norte choveu o acumulado de 413,3 mm em março, no Sertão
Central e Inhamuns, o órgão observou apenas 167,6 mm, ficando 2,4% abaixo da
média histórica para aquela região.
Reservatórios
O volume médio de 240,7 mm observado em março deste ano foi
primordial para garantir aporte hídrico em diversos açudes cearenses. O segundo
mês da quadra chuvosa (março) terminou com 29 açudes sangrando. O nível médio
acumulado nos 155 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos
Recursos Hídricos (Cogerh) é de 14,7%. Em igual período do ano passado, as
reservas hídricas estaduais eram de apenas 6,7%. Os dados são do Portal
Hidrológico do Ceará.
Apesar de quase dobrar o volume acumulado nos açudes
monitorados pela Cogerh no fim de março, a preocupação ainda existe porque os
três maiores açudes, que são estratégicos para o abastecimento de importantes
centros urbanos, continuam com nível reduzido: Castanhão (3,8%); Orós (5,2%); e
Banabuiú (6,3%).
Há um ano, o Castanhão acumulava a mesma quantidade, o Orós
estava com 6,3% e o Banabuiú tinha apenas 0,4%.
Alento
Desde o dia 23 de março, o maior açude do Estado vem
recebendo aporte, ainda em quantidade reduzida, mas sempre crescente. Naquela
data, estava com 3,6% e ontem acumulava 3,8%. Pelo menos nos próximos dois
dias, o Castanhão deve continuar aumentando o seu volume.
Na manhã de ontem, o Rio Salgado, em Icó, apresentava volume
elevado de água, oriunda de chuvas na região do Cariri, em Lavras da Mangabeira
e em Aurora.
Para ocorrer recarga nos açudes Castanhão e Orós, são
necessárias intensas chuvas no Sul do Ceará (Cariri cearense) e nos Inhamuns.
"Esse é o caminho natural das águas", explicou o chefe do escritório
da Cogerh, em Iguatu, Anatarino Torres. As chuvas da região Norte, que estão em
abundância, não favorecem os três maiores reservatórios do Estado. O principal
fornecedor de água para o Castanhão é o Rio Salgado que recebe água das chuvas
do Cariri cearense. "A água que chega à Bacia do Castanhão, no Município
de Jaguaribara, é por meio do Rio Jaguaribe, mas decorre do Salgado",
explicou Torres. "As pessoas precisam entender que o Rio Salgado deságua
no Jaguaribe, após o Açude Orós e depois da cidade de Icó".
Já o Orós, que também barra o Rio Jaguaribe, depende de
chuvas na região dos Inhamuns (Tauá, Parambu, Aiuaba e Arneiroz) e em parte da
região do Cariri (Santana do Cariri, Nova Olinda, Farias Brito e Assaré), pois
o recurso hídrico escorre pelo Rio Cariús e no Município de Jucás desemboca no
Rio Jaguaribe. Em Iguatu, o Rio Jaguaribe é um termômetro da passagem de água
em direção ao Açude Orós.
Nos últimos dias, tem registrado elevação do nível, mas
ainda em reduzida quantidade. "Há muitos pequenos reservatórios secos ao
longo do trecho, que precisam atingir cota máxima", explicou o integrante
da Bacia do Alto Jaguaribe, Alcides Freire. Nos últimos anos, observa-se que o
Jaguaribe tem sido mais favorecido pelo Rio Cariús.
Fonte: Diário do Nordeste