"Indignação”. Foi a palavra usada pelo deputado estadual Nezinho Farias (PDT) para definir o sentimento que o levou a convocar entrevista coletiva no Comitê de Imprensa da Assembleia Legislativa na tarde desta segunda-feira (17). O parlamentar respondeu à declaração feita na quarta-feira (12) pelo colega de Casa André Fernandes (PSL), que apresentou denúncia ao Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) acusando Nezinho de ter ligação com facções criminosas, motivo que o teria levado a criar um projeto de lei para regulamentação de jogos eletrônicos, que, segundo a denúncia, serviriam para fazer "lavagem de dinheiro" do Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio do "jogo do bicho".
Nezinho esclareceu que o projeto visa à regulamentação de jogos de videogame (e-Sports) enquanto modalidade esportiva e não tem qualquer relação com apostas ou jogos de azar. “Nesse mesmo projeto, que passou nessa Casa pela Comissão de Constituição e Justiça, ele votou a favor”, criticou o deputado, que afirmou ter se baseado em matérias semelhantes em tramitação no Senado e em outros estados, e atendido a demanda de um “grupo de jovens” que o procurou em seu gabinete.
“Quem é que não tem na sua casa uma criança ou um adolescente que pratica esse tipo de esporte?”, questionou o deputado, lembrando que vários clubes profissionais já têm equipes que disputam campeonatos de jogos eletrônicos. “Qual é a preocupação desse jovem? É que esse esporte eletrônico possa ser regulamentado, para que eles possam pedir uma bolsa na Secretaria do Esporte, para que eles possam ir atrás de um patrocínio”, justificou.
O deputado pedetista já protocolou defesa junto à Procuradoria dos Crimes Contra a Administração Pública (Procap) e, agora, espera que os colegas de Assembleia encaminhem punição a André Fernandes. “Eu não tenho dúvida da minha inocência. E aí, o Conselho de Ética que tome as providências. Tudo tem limite”, desabafou. Nezinho concedeu a entrevista ao lado dos deputados Osmar Baquit, Evandro Leitão, Salmito Filho, Marcos Sobreira (colegas de PDT), Júlio César Filho (Cidadania), Elmano de Freitas (PT) e Nizo Costa (PSB).
Conselho de Ética
Na sessão da última quinta-feira (13), o principal assunto discutido no plenário foi o discurso feito por André Fernandes no dia anterior, afirmando que alguns deputados não podiam falar sobre Segurança Pública porque seriam envolvidos com facções criminosas. O deputado Elmano de Freitas chegou a afirmar que entraria com representação contra André em nome do partido, mas hoje explicou porque não o fez. “Nós queremos que essa questão não seja tratada pelo PT, mas pelas pessoas de seus parlamentares”, afirmou. Elmano enfatizou que a Assembleia deve cobrar “celeridade” ao Ministério Público na apuração da denúncia.
O encaminhamento da ação junto ao Conselho de Ética deve ser dado pela maior bancada da Casa, a do PDT, que se reuniu antes da coletiva e decidiu de forma consensual pela representação contra André Fernandes. “O partido decidiu, vai abrir uma representação junto à Mesa Diretora, para que ela encaminhe ao Conselho de Ética, na perspectiva dessa acusação que o deputado André Fernandes fez”, afirmou o deputado Evandro Leitão. A abertura de processo no Conselho pode resultar em sanções como censura, suspensão do mandato por 30 dias e até cassação.
Diário do Nordeste
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