Em meio a escassez hídrica que atinge o Ceará nos últimos anos o alerta quanto a economia de água deve ser constante. Na contramão desse processo, no entanto, um dos grandes desafios está em reduzir os indicadores de desperdício. Relatório do Instituto Trata Brasil divulgado neste ano, mas referente a 2016, indica que o Estado perdeu 41% de sua distribuição naquele período, índice acima da média nacional, de 38%. Em termos monetários, o total perdido gerou prejuízo acima dos R$ 144 milhões.
O Estado desperdiçou 42.979 metros cúbicos (m³) de água só com as chamadas perdas comerciais, as que correspondem aos volumes de água consumidos mas não autorizados, gerando um prejuízo de mais de R$ 111 milhões. Já em relação as perdas físicas, em que a água captada pela concessionária é perdida antes de chegar ao consumidor, o impacto financeiro foi acima dos R$ 31 milhões, com 64.468 m³ de água desperdiçados.
O esperado em cidades com padrão de excelência em perdas, de acordo com o Trata Brasil, é que se tenham indicadores abaixo dos 15%. Além da redução do faturamento, outra consequência do elevado índice de perdas é a diminuição da capacidade de investimento, dos custos de produção das empresas e da possibilidade de se obter financiamentos, conforme esclarece o presidente do Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Sindcon), Alexandre Lopes.
Planejamento
"Os índices de perda de uma companhia refletem a situação operacional da empresa, e para você ter investimento tem que ter bons projetos", diz. Planejamento e gestão, segundo avalia, estão entre as ações necessárias para a redução desses indicadores. "É preciso ter maneiras de controlar para onde a água está indo, trabalhar na renovação constante da rede, pois quanto mais antiga mais suscetíveis a problemas estruturais, e qualificação de pessoal também é fundamental", afirma.
O País chega a perder cerca de R$ 10 bilhões por ano com desperdício de água. Conforme o presidente do SINDCON, a meta de universalizar o abastecimento de água e esgoto até 2033, conforme prevê o Plano Nacional de Saneamento Básico (PNSB), deve ser de difícil alcance frente aos investimentos abaixo do necessário ano a ano. "É preciso um investimento de cerca de R$ 22 milhões por ano, mas nos últimos cinco anos ficamos com uma média de apenas R$ 12 milhões", aponta. O Sindicato estima, ainda, que será preciso mais 500 mil quilômetros de tubulações para atender as metas de universalização previstas no Plano.
Em nota, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informou que realiza "um conjunto de ações" para combater as perdas nas redes de distribuição de água, o que inclui fiscalização e retirada de fraudes e vazamentos. O órgão disse ainda que ampliou o número de equipes em campo atuando diariamente, 24 horas por dia.
Diário do Nordeste
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