O bloco faz parte da tradição do Carnaval na cidade
Foto: Leo Henrique |
Para quem tem mais de 50
anos, falar de Bloco do Cebola na cidade de Reriutaba é ter de contar duas
histórias: o antes o e depois. É que o bloco nasceu em 1970, quando João Lopes
Soares, o Cebola, resolveu criar uma festa para o bairro Vila Nova, uma das comunidades
carentes do município. Uma alternativa para quem não era sócio do Reriutaba
Clube, hoje um prédio em ruínas.
A folia do primeiro ano foi
na base do improviso. “Aqui era uma parte esquecida da cidade. Um Carnaval tão
pobre, os instrumentos vinham em cima do jumento”, relembra o fundador. Com o
passar dos anos, a festa foi se sustentando com o apoio dos prefeitos e
ganhando fama entre os moradores. Mas a cidade continuava dividida entre quem
frequentava a “festa dos ricos” e quem se esbaldava pelas ruas. “As pessoas
tinham preconceito porque era coisa do povão. Eu era uma das que não poderiam
vir, mas que fugia para participar”, admite a professora aposentada Constância
Taumaturgo, 64 anos.
A segunda parte desta
história vem depois que o bloco ressurgiu, após 14 anos sem ajuda e sem
conseguir concorrer com as festas gratuitas das gestões municipais, segundo
conta o Cebola. O quadro mudou em 2005, com a retomada do apoio municipal.
Hoje, a comunidade abriga quem chegar para o Carnaval: da criança ao idoso, do
pobre ao rico. E é o ponto de partida para a folia, que percorre a cidade com
marchinhas, pessoas de abadás e fantasias no domingo e na terça-feira.
Mais ligados ao Carnaval de
tradição, os participantes reclamam quando o som do desfile traz músicas de
axé. “Toca Pinduca”, alguns protestaram no domingo. E foram atendidos.
Também no domingo, os
foliões foram recebidos na praça da igreja matriz com mais marchinhas
executadas pela Orquestra Ibiapaba do Ipu. Continuação do mela-mela e muita
dança no início da noite. Depois do banho, os foliões voltaram à praça para
curtir os shows das bandas até a madrugada.
“O Carnaval de Reriutaba é
mundo bom, é tradicional, e a gente quis mostrar isso para todo mundo. Eu vi a
votação (no O POVO Online) e mandei o link para todo mundo ajudar. Passamos de
São Benedito. Sambei na divulgação”, brinca o assistente financeiro Ney Alvez,
20.
Em quatro dias de festa, a
cidade teve atrações como Solteirões do Forró, Saradões, Ed Camaleão, Frennesy
e XéPop. De acordo com o prefeito Galeno Taumaturgo (PSB), os gastos deste ano
foram de R$ 380 mil. “Conseguimos movimentar cerca de R$ 1,5 milhão para o
comércio local”, calcula.
NOTA D0 FOLIÃO
9
Thaliane Gomes, 14 anos,
estudante. A nota só não foi 10 porque a foliã de Fortaleza achou as pessoas
desanimadas com as músicas de axé e forró.
FOI BEM
Todo mundo conectado
Em parceria com a Marks
Provedor, a Secretaria de Cultura de Reriutaba disponibilizou Internet sem fio
para os foliões da praça. E de bom sinal no começo da noite. O cantor Ed
Camaleão aproveitou para ler mensagens e mandar recados aos internautas.
FOI MAL
Cuidado em dobro
Parte do primeiro trajeto
do bloco foi feito em ruas com pouquíssima iluminação. Para quem seguia pelas
calçadas, era difícil ver os batentes e os buracos do caminho. Pedestres ainda
desviavam de motociclistas.
FANTASIA EM DESTAQUE
Sempe Carmen
O cabeleireiro Zezinho
Alves, 47, se veste de Carmen Miranda pelo menos em um dos dias do Carnaval. “É
que ela é a cara da folia”, explica. Desta vez, ele seguiu o bloco como “Carmen
Baiana”. O vestido foi costurado por uma amiga, e os adereços da cabeça
confeccionados pelo próprio Zezinho. A roupa dos outros dias é mais
improvisada.
39% dos internautas
escolheram Reriutaba na enquete do
Fonte: O POVO Online para o
Carnaval
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